segunda-feira, 12 de novembro de 2012

C. S. LEWIS sobre ir à igreja

Estava conversando com alguém sobre igreja (para variar!) e me lembrei de uma história envolvendo C. S. Lewis e "um velho santo de botas de borracha". Como não consegui achar essa história em nenhum dos livros do Lewis que possuo, decidi "googlar" e a achei no blog Mere Theology (não encontrado mais o domínio!).

Lewis frequentou a mesma igrejinha durante trinta anos. A experiência não tinha nada de extraordinária a cada semana. Na maior parte daqueles anos, Lewis não se importava muito com os sermões; ele até mesmo sentava-se atrás de um pilar para que o ministro não visse suas expressões faciais. Ele ía ao culto sem música porque não gostava dos hinos. E saía logo após a comunhão da Ceia, provavelmente por não gostar de se envolver nas conversas com os outros membros depois do culto. Mas a longa obediência numa mesma direção moldou a vida de Lewis de umm modo que nada mais poderia.

Uma vez perguntaram para Lewis: "É necessário frequentar um culto ou ser membro de uma comunidade cristã para um modo cristão de vida?"

Sua resposta foi a seguinte: "Esta é uma pergunta que eu não posso responder. Minha própria experiência é que logo que eu me tornei um cristão, cerca de quatorze anos atrás, eu pensava que poderia me virar sozinho, me retirando a meu quarto e lendo teologia, e não frequentava igrejas ou estudos bíblicos; e então mais tarde eu descobri que era o único modo de você agitar sua bandeira; e, naturalmente, eu descobri que isso significa ser um alvo. É extraordinário o quão inconveniente para sua família é você ter que acordar cedo para ir à Igreja. Não importa tanto se você tem que acordar cedo para qualquer outra coisa, mas se você acorda cedo para ir à Igreja é algo egoísta de sua parte e você irrita todos na casa. Se há qualquer coisa no ensinamento do Novo Testamento que é na natureza de mandamento, é que você é obrigado a participar do Sacramento e você não pode fazer isso sem ir à Igreja. Eu não gostava muito dos seus hinos, os quais eu considerava poemas de quinta categoria com música de sexta categoria. Mas à medida em que eu ia vi o grande mérito disso. Eu me vi diante de pessoas diferentes em aparência e educação, e meu conceito gradualmente começou a se desfazer. Eu percebi que os hinos (os quais era apenas músicas de sexta categoria!) eram, no entanto, cantados com tamanha devoção e entrega por um velho santo calçando botas de borracha no banco ao lado, e então você percebe que você não está apto sequer para limpar aquelas botas. Isso liberta de seu conceito solitário." (C. S. LEWIS, God in the Dock, pp. 61-2).



Adaptado de escrito do Sandro Baggio